Apesar de Portugal ser dos países com menos espécies perigosas, o seu número ainda assim ultrapassa as 60. Entre fauna e flora, algumas espécies representam potencial perigo para os humanos, especialmente para os mais novos e os mais debilitados, podendo causar traumatismos irreversíveis, ou mesmo a morte.
Apresento em seguida algumas das espécies mais perigosas em Portugal. Estas dividem-se em espécies potencialmente letais e espécies potencialmente perigosas.
Espécies potencialmente letais
Espécies venenosas
Ofídios
Antes de mais um ofídio nada mais é que uma cobra ou serpente. Em Portugal existem apenas 2 espécies de cobras venenosas: a Víbora-cornuda, e a Víbora-de-seoane. A Víbora-cornuda existe em todo o território de Portugal Continental, enquanto que a Víbora-de-seoane existe somente na região de Peneda-Gerês e Paredes de Coura. A mordida de uma destas duas cobras, na cabeça, pescoço ou tórax apresenta um elevado perigo, especialmente em crianças em idosos. Os sintomas vão desde dor local, taquicardia e hipotensão, até morte por infecção ou hemorragia.
Fungos
No que toca aos fungos, fazem parte desta lista 3 cogumelos: o Chapéu-da-morte (também conhecido como Cicuta-verde), o Anjo-destruidor-europeu, e o Anjo-da-morte. Como podem ver todos eles têm nomes muito simpáticos. Todos estes cogumelos pertencem ao género Amanita e são altamente venenosos, podendo causar a morte caso ingeridos. Estes podem ser encontrados em todo o território nacional.
Caso sejam ingeridos os primeiros sintomas, que ocorrem normalmente após algumas horas, são náuseas, vómitos, diarreia, hipotensão e desequilíbrio. Deve-se então ligar de imediato ao 112 para ser tratado o mais rapidamente possível. Se tal não for feitos, entre as 24 e as 48 horas seguintes, surgem então sintomas gastrointestinais, e ocorre a degeneração das funções de órgãos como os rins e o fígado, danos irreversíveis que levam à morte.
Plantas
Relativamente às plantas perigosas temos a Cicuta, a Dedaleira, o Embude, a Erva-moura e o Estramónio. Todas estas plantas se encontram em todo o território nacional, com a excepção do Estramónio, uma espécie invasora apenas encontrada em Portugal Continental e na Madeira. A Dedaleira encontra-se em especial abundância na Serra da Estrela. A ingestão destas plantas, mesmo que na forma de infusões, pode levar à morte por paragem cárdio-resperatória.
Espécies traumatogénicas
As espécies traumatogénicas, ao contrário das anteriores, são potencialmente letais devido à suscetibilidade de ataques deliberados por parte das mesmas.
Mamíferos
De entre todos os mamíferos destaca-se o Lobo-ibérico, uma espécie que se encontra distribuída em Portugal Continental por duas populações: a Norte do Douro, no Minho e Trás-os-Montes, e a Sul do Douro, na Beira Alta. A sua mordida pode causar lesões traumatogénicas graves ou mesmo fatais. Contudo, os ataques fortuitos a humanos têm sido raros em Portugal, não havendo registo de qualquer ataque nos últimos 25 anos, sendo os ataques centrados principalmente em cabras e ovelhas.
Espécies potencialmente perigosas
As seguintes espécies são consideradas potencialmente perigosas pois apenas levam à morte em situações muito específicas, em pessoas mais debilitadas, ou se a ferida causada não for tratada. Estas podem ser aracnídeos, quilópodes, peixes, insectos, cnidários ou equinodermes.
Espécies venenosas
Aracnídeos
Dentro dos aracnídeos destaca-se a famosa Viúva-negra-mediterrânica, encontrada principalmente na região do Alentejo e Algarve. O veneno desta aranha é transmitido através da sua picada, e causa sintomas que vão desde dor intensa, cãibras, rigidez muscular, dificuldade respiratória, hipertensão, choque, ou mesmo a morte.
Outros aracnídeos potencialmente perigosos são ainda a Reclusa-mediterrânica (ou Aranha-violino), a Tarântula-ibérica, a Aranha-lobo-radiada, a Tarântula-de-Porto-Santo, a Tarântula-das-Desertas e o Escorpião (comumente conhecido como Lacrau).
Quilópodes
No grupo dos quilópodes podemos encontrar a Centopeia mediterrânica e a Centopeia-comum, sendo que a centopeia-comum é a menos perigosa. A picada de um destes quilópodes provoca dores intensas, vermelhidão e edema.
Peixes, Cnidários e Equinodermes
Nesta categoria destacam-se o Peixe-aranha, a Caravela-portuguesa e os Ouriços-do-mar.
Alguns de nós já fomos certamente picados por um peixe-aranha. Se és uma dessas pessoas, I feel you bro! Para os restantes descrevo que se trata de uma dor intensa no local, com ocorrência de vermelhidão e dormência. Podem ainda ocorrer náuseas, dores de cabeça, cólicas ou tremores.
No caso da Caravela-portuguesa, o veneno é transmitido pelos seus tentáculos, que muitas das vezes se enrolam em volta de uma perna ou de um braço. Atenção que mesmo que a caravela-portuguesa se encontre fora de água, ou esteja aparentemente morta, os cnidócitos (células responsáveis pelos sintomas) continuam activos, pelo que nunca lhe devemos tocar. Os sintomas são dores fortes, cãibras, queimaduras e formação de bolhas.
O ouriço-do-mar é um equinoderme e afecta os seres humanos de duas formas: através do seu veneno, ainda que de baixa toxicidade, e através das picadas com os seus espinhos, que são difíceis de retirar, causando enorme dor.
Insectos
Na categoria dos insectos quero apenas destacar a Vespa asiática uma vez que se trata de uma espécie invasora, documentada em Portugal desde 2011, atingindo hoje 12 distritos. Tal como nas demais vespas e vespões o ferrão não fica preso na vítima ao contrário do que acontece na abelha, pelo que estas podem picar várias vezes. Para piorar a situação a vespa asiática tende a atacar em enxame, constituindo o perigo de picadas múltiplas, o que em caso de hipersensibilidade pode levar à morte.
Espécies traumatogénicas
Relativamente às espécies traumatogénicas potencialmente perigosas quero realçar dois peixes, a Moreia-preta, e a Moreia-pintada. A moreira-preta encontra-se na costa dos Açores e da Madeira, geralmente em cavidades rochosas. A moreia-pintada, encontra-se, para além destes locais, na costa de Portugal Continental. Estas atacam principalmente mergulhadores, e as suas mordeduras podem provocar ferimentos graves, sendo necessária assistência médica.
Por último quero ainda alertar para o facto da existência de espécies perigosas, não porque as mesmas representam um risco em si, mas pelo facto de poderem ser vectores de outras doenças. É o caso do mosquito Aedes aegypti, vector de dengue, da pulga, da carraça, da ratazana, entre outros.
Este artigo não se trata de uma lista exaustiva de todas as espécies perigosas existentes em Portugal, mas tem como objectivo dar a conhecer a sua existência.
Fontes
Esta é a Lista das Espécies Perigosas em Portugal
Lista de espécies perigosas em Portugal
Imagem de destaque: fotografia de © Rui Lemos, retirada do JM Madeira