Hoje no Espaço saúde vamos perceber um pouco melhor a razão pela qual o coração de um atleta pode ser diferente e o que é que acontece para ser considerado diferente. Um coração de atleta consiste numa panóplia de alterações estruturais e funcionais que ocorrem em indivíduos que treinam, em média, mais de uma hora por dia, por dias consecutivos. Esta síndrome caracteriza-se por não manifestar sintomas no individuo e, na presença de sintomas, eles passam por bradicardia, sopro sistólico e sons extra-cardíacos.
Normalmente é uma síndrome que está associada a treinamentos de resistência intensivos e prolongados que desencadeiam adaptações fisiológicas normais no organismo do atleta. O que se verifica em termos anatómicos do músculo cardíaco é um aumento do volume e pressão sanguínea no ventrículo esquerdo, o que desencadeia desenvolvimento e aumento da massa muscular, espessura da parede e aumento das dimensões do ventrículo. Acopladamente a estas alterações anatómicas, está associado um aumento do volume de ejeção com aumento do débito cardíaco, contribuindo para aumento da frequência cardíaca de repouso mais baixa e tempo de enchimento diastólico mais baixo.
Porque é que ocorre diminuição da frequência cardíaca em repouso em atletas?
Este evento ocorre devido ao aumento do tónus vagal, com diminuição da bradicardia, aumento da hemoglobina e do volume sanguíneo com objetivo de transportar mais oxigénio às células. As funções sistólica e diastólica permanecem inalteráveis.
Sintomatologia do coração de atleta
Não existem sintomas específicos.
No entanto podem surgir sinais como:
- Bradicardia
- Impulso ventrículo esquerdo deslocado lateralmente (maior extensão; maior amplitude)
- Sopro sistólico de ejeção na borda esternal esquerda inferior
- B3 decorrente do enchimento ventricular diastólico rápido e inicial
- B4 mais bem auscultada durante bradicardia em repouso
Todos estes sinais mencionados são referentes a alterações estruturais adaptativas do esforço intenso realizado a um atleta.
Como é realizado o diagnóstico do coração de atleta?
O diagnóstico passa por uma avaliação clínica e pela demanda da realização de eletrocardiograma, em algumas situações ecocardiografia e, mais pontualmente, é solicitada a realização de teste te esforço.
Apesar de existirem muitas alterações estruturais macroscópicas que similares às presentes em algumas patologias cardíacas, não existem propriamente efeitos adversos aparentes.
Na generalidade dos casos de coração de atleta, as alterações estruturais e a bradicardia regridem com a interrupção do treinamento, embora em uma pequena percentagem dos atletas ocorra com um aumento do ventrículo, o que levanta uma problemática: Será que o coração de atleta é uma patologia benigna?
Tratamento do coração de atleta
O que está previsto para esta síndrome, de forma a minimizar os danos, é um abrandamento do treinamento, com regressão do condicionamento físico adquirido até ao momento.
Não há necessidade de realizar nenhum tratamento propriamente dito, apenas interromper a atividade por pelo menos 3 meses.
Se sentir algum sinal cardíaco não descrito neste artigo, o melhor é consultar um profissional de saúde.
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Figura: 1