Hoje no Espaço Saúde o tema abordado irá ser hepatopatia congestiva, ou seja, congestão hepática passiva. O que acontece na hepatopatia congestiva é, como o próprio nome indica, uma congestão venosa difusa do fígado que pode desencadear insuficiência cardíaca direita, geralmente surgindo secundariamente a uma miocardiopatia, regurgitação tricúspide, insuficiência mitral, cor pulomonale ou pericardite constritiva.
Vamos perceber como se desencadeia fisiologicamente este mecanismo da hepatopatia congestiva?
O que se verifica é uma insuficiência cardíaca direita moderada ou grave que faz com que haja um aumento da pressão venosa central que se transmite ao fígado por intermédio da veia cava inferior (ver sistema circulatório) e veias hepáticas. Se existe uma supressão crónica ao nível hepático, vai haver uma atrofia nas células hepáticas (hepatócitos), consequentemente, distensão sinusoidal e fibrose centrolobular. Na ausência de uma funcionalidade normal dos hepatócitos, pode mesmo ocorrer cirrose e, consequentemente, estamos mais perto de uma morte celular hepática e trombose que se propaga para as veias centrais e ramos da veia porta que impedem o oxigénio alcançar as células do fígado e, consequentemente, vão morrendo.
Sintomatologia da hepatopatia congestiva
A maioria dos pacientes não apresenta qualquer sintomatologia nem sinal de que algo não possa estar bem. No entanto, se estivermos a falar de uma congestão moderada pode haver um desconforto no hipocôndrio direito e hepatomegalia dolorosa. Só em casos em que existe uma congestão hepática grave é que se verifica uma hepatomegalia maciça com sinais de pele amarela (icterícia), ascite e esplenomegalia (aumento do baço).
Diagnóstico da hepatopatia congestiva
Para chegarmos a um diagnóstico assertivo é importante fazer uma avaliação clínica e procurar algum tipo de insuficiência cardíaca direita, sinais de icterícia e hepatomegalia dolorosa. É necessário fazer análises ao sangue para perceber se existe um aumento da bilirrubina não conjugada, elevação das transaminases, elevado gradiente de concentração de albumina soro-líquido ascítico. Estas alterações não são específicas de nenhuma patologia em concreto, ou seja, a identificação da presença de uma hepatopatia congestiva é meramente clínica e tornam-se mais relevantes para avaliar a gravidade de uma insuficiência cardíaca.