Hoje no Espaço Saúde venho trazer um episódio clínico que acontece quando existem diferenças bruscas de pressão no organismo. Concretamente vou abordar a otalgia que é um dano que ocorre na membrana timpânica. De que forma é que decorre este dano? Este facto é que importa focar e perceber. Assim, sabe-se que para manter a pressão igual em ambos os lados da membrana timpânica, o gás deve mover-se livremente entre a nasofaringe e a orelha média. Quando temos uma infeção do trato respiratório superior, alergias ou outro tipo de mecanismo que interfira de alguma maneira no funcionamento tubário, durante as alterações de pressão ao nível ambiental, a pressão na orelha média também altera, caindo abaixo da pressão atmosférica o que ocasiona a retração da membrana timpânica. No entanto, também pode haver um aumento de pressão na orelha média acima da pressão atmosférica o que causa abaulamento. Assim, ao haver uma pressão negativa na orelha, pode haver o desenvolvimento de um transudato de líquido na cavidade timpânica. Posteriormente, existe aumento do gradiente de pressão, equimose e hematoma subepitelial. Em situações mais drásticas, de um grande diferencial de pressão, pode ocorrer mesmo sangramento, rutura do timpâno e desenvolvimento de uma fístula perilinfática.
Que sintomas é que surgem num barotrauma ótico?
Os sintomas o barotrauma por otite são dor aguda, perda de audição e, na presença de fístula perilinfática, há perda auditiva neurossensorial e vertigem. Os sintomas têm tendência a piorar durante o rápido aumento da pressão do ar externo, tais como subidas bruscas durante um mergulho ou descidas bruscas durante viagens aéreas.
Como é feito o tratamento?
O tratamento passa pela realização de métodos para equalizar a pressão dentro do ouvido, como bocejar, deglutir ou mascar.
No dia-a-dia quando se presenteia com uma situação destas, a melhor solução para resolver o problema é tentar mascar uma pastilha, bocejar e engolir, assoprar fechando a boca e tapando o nariz e usar descongestionantes nasais.
Na presença de perda auditiva nerosensorial e vertigem, deve-se suspeitar do desenvolvimento de fístula e observar a orelha média para tentar fechar a fístula. Se a dor for muito intensa e a perda auditiva condutiva realizar miringotomia é necessária.
Figura 1 – Miringotomia com tubo de pressão para drenar.
Para prevenir estas situações, uma pessoa que se encontre congestionada no nariz por infeções respiratórias ou alergias deve suspender a realização de voos ou mergulhos.
Figuras: 1