Comecemos por fazer o seguinte exercício: observem espectro de luz visível abaixo e procurem pelo comprimento de onda que corresponde à cor magenta.
Conseguiram encontrar? Não? Ainda bem, é que o exercício tinha rasteira. Ao contrário de praticamente todas as outras cores, a cor magenta não existe no espectro electromagnético. Então como é que vemos esta cor, perguntam vocês!? São tudo coisas da nossa cabeça.
Para compreender este fenómeno é importante perceber como é que funcionam os nossos olhos. Na parte traseira do globo ocular existe um painel de células sensiveis à luz conhecido como retina. Na retina existem milhões de foto-receptores de 2 tipos: os bastonetes e os cones. Os bastonetes são responsáveis por detectar níveis de luminosidade, sendo essenciais para que consigamos ver no escuro. Por outro lado os cones são responsáveis pela percepção das cores, podendo ser de 3 tipos: S, M e L (do inglês short, medium, e long, respectivamente). Existem aproximadamente 6 a 7 milhões de cones num olho humano.
Cada um destes cones tem uma sensibilidade a diferentes comprimentos de onda do espectro de luz visível: os cones L detectam comprimentos de onda mais próximos do vermelho, os cones M do verde, e os cones S do azul. Quando a luz entra no nosso olho activa alguns destes cones dependendo do seu comprimento de onda. No entanto, como bem sabem, existem mais do que 3 cores, pelo como é que o nosso cérebro é capaz de as distinguir? Na verdade, apesar de cada um destes cones ter um pico onde é mais sensível, eles são capazes de responder a um intervalo de comprimentos de onda que se sobrepõe entre eles.
Assim sendo, quando olhamos, por exemplo, para algo amarelo, cujo comprimento de onda se situa entre os 570-590 nm, ambos os cones M (verde) e L (vermelho) são activados, enquanto os cones S (azul) permanecem inactivos. Este sinal é então interpretado pelo nosso cérebro como correspondendo à cor amarela. O mesmo acontece no caso da cor ciano, em que neste caso os receptores activados são os S e M, enquanto o L se mantém inactivo.

Espectro da luz visível juntamente com os 3 cones [S (azul), M (verde) e L (vermelho)]. Imagem adaptada. Crédito: SciShow
Por esta lógica seria de esperar que caso ambos os recptores S e L fossem estimulados, a cor interpretada pelo nosso cérebro seria o verde. Contudo isso não é possível pois o receptor M não foi estimulado. Como é que o nosso cérebro resolve então este problema!? Fácil, criando uma nova cor à qual demos o nome de magenta. A este tipo de cores que não têm um comprimento de onda característico dá-se o nome de cores não espectrais.
A razão pela qual os nossos cérebros interpretam este estímulo como sendo esta cor em particular ainda não é bem compreendida, mas a verdade é que todos nós a vemos.
Fontes
Why This Color Doesn’t Actually Exist
Colour Mixing: The Mystery of Magenta