Quando a colonização de Marte se tornar realidade, os astronautas que lá habitarem não poderão depender de alimentos que sejam enviados da Terra para sobreviverem. Dr. Wieger Wamelink (ecologista) e o seu grupo de investigação da Universidade de Wageningen têm conduzido experiências para determinar que plantas poderão ser cultivadas em Marte por forma a obter-se frutos e vegetais seguros para a alimentação.
Nas estufas da universidade de Wageningen, Holanda, o grupo de investigação de Dr. Wamelink tem crescido plantações em solos artificiais com composição idêntica à do solo marciano e do solo lunar desde 2013. A primeira experiência demonstrou que as plantações conseguem crescer nesses solos. Em 2015, os investigadores misturaram as partes não comestíveis das plantas obtidas em 2013 com os solos e, desta forma, conseguiram crescer 10 culturas diferentes, as quais foram colhidas. Cultivar plantas nestes solos tem o risco de contaminação dos alimentos com metais pesados, como cádmio, cobre e chumbo. Se estes metais forem absorvidos pelas plantas em níveis muito elevados, então as plantações serão impróprias para consumo. Quatro dessas 10 culturas – rabanetes, ervilhas, centeio e tomates – foram testadas quanto à concentração de vários metais. Os níveis de alumínio, cobre, ferro, manganês, zinco, arsénico, cádmio, crómio, níquel e chumbo encontravam-se abaixo dos níveis de toxicidade e, por isso, estas plantações foram consideradas como seguras para a alimentação. “Estes resultados são muito promissores”, disse Dr. Wamelink. “Podemos mesmo comer rabanetes, ervilhas, centeio e tomates e eu estou bastante curioso quanto ao seu sabor”. É importante de se referir que alguns metais pesados encontravam-se em níveis ainda mais baixos nestas plantas do que nas plantas crescidas em solo normal.
Este projecto de investigação é financiado por uma campanha de crowdfunding, que já rendeu 11000 €. Um total de 25000€ é necessário para testar as restantes culturas, incluindo batatas. Dr. Wamelink afirmou que “é importante testar o máximo de culturas possível, para garantir que as colónias em Marte tenham acesso a uma grande variedade de alimentos”. Além dos testes dos níveis de metais pesados, também é necessário testar-se o conteúdo em vitaminas, flavonóides e alcalóides. De acordo com a Agência Holandesa de Alimentação e com a FDA, se todos os vegetais possuírem metais pesados em concentrações inferiores aos níveis críticos, então será realizado um jantar para os patrocinadores usando estes mesmos alimentos. Os participantes do projecto Mars One serão os primeiros a comer estes vegetais “Marcianos” e irão avaliar se há diferenças organolépticas entre estes vegetais e os vegetais cultivados com solo terrestre.
Bas Lansdorp, presidente e co-fundador da Mars One afirma que “a Mars One está bastante orgulhosa de apoiar este importante projecto de investigação. Crescer comida localmente é especialmente importante para a nossa missão de colonização permanente, pois temos que assegurar a produção sustentável de alimentos em Marte. Os resultados do Dr. Wamelink e da sua equipa de investigação são um progresso significativo para o nosso objectivo”.
Fontes: Mars One News | Food for Mars – Blog