Um pouco atrasada, mas cá está a molécula desta semana!
Estrutura e propriedades
Formula estrutural: [latex]C_{10}H_{16}O[/latex]
Massa molar : 152.23 g mol−1
Ponto de fusão: 175-177 °C
Ponto de ebulição: 204 °C
A cânfora no seu estado puro é um sólido branco, algo ceroso, com um aroma intenso e bastante característico, pertencendo à classe dos terpenos. É encontrada naturalmente em abundância na madeira do canforeiro (Cinnamomum camphora) e de Dryobalanops, existindo tambem, em pequenas quantidades, nas folhas de alecrim (também conhecido como rosmaninho, Rosmarinus officinalis).
É pouco solúvel em água (2.5 g/L) e muito solúvel em solventes orgânicos (2500 g/L em acetona, por exemplo). Sublima-se facilmente, tendo uma baixa pressão de vapor (4 mmHg a 70 °C)
Sintese
A síntese desta molécula so foi descoberta em 1903 por Gustaf Komppa, sendo até à data apenas extraída das plantas referidas anteriormente. A síntese proposta por Komppa era muito complexa e não originava cânfora directamente, apenas o ácido canfórico que podia depois ser convertido. Pouco depois da publicação de Komppa, William Perkin publicou uma outra via de síntese menos complicada, originando a sua produção industrial a partir de 1907.
Na actualidade a cânfora é produzida a partir do alfa-pineno que é obtido por destilação fraccionada da terebentina, do qual é o principal constituinte (a terebentina é produzida a partir da resina de coníferas, sendo muito usada na insdústria das tintas como solvente).
Nesta síntese o alfa-pineno é convertido em canfeno tendo como solvente ácido acético glacial e um catalisador ácido forte. O canfeno sofre entao um rearranjo de Wagner-Meerwein, sendo convertido ao catião isobornil, que é capturado por acetato dando origem a acetado de isobornil. Este composto é então hidrolisado a isoborneol e posteriormente oxidado dando finalmente origem à cânfora, numa mistura racémica.
Também pode ser efectuada uma biossíntese da cânfora pelo processo descrito a seguir:
Usos
A cânfora é actualmente usada para vários fins bastante diversos:
- Como repelente de insectos
- Como substãncia anti-microbial
- Embalsamamento
- Fogo de artifício
- Agente anti-ferrugem
- Preservação de pequenos insectos
- Na culinária, especiamente em doces e rebuçados
Também é muito usada medicinalmente – esta molécula é facilmente absorvida através da pelo produzindo um efeito refrescante similar ao do mentol, tendo um ligeiro efeito anestésico e anti-microbial. É normalmente aplicada topicamente através de gel ou de creme. Também pode ser admistrada oralmente em pequenas quantidades (<50mg) para tratar ligeiros sintomas de coração e cansaço.
É importante referir que dada a sua grande absorção pelo nosso organismo a cânfora pode ser bastante tóxica, tendo uma dose letal que varia entre 50-500 mg/Kg (via oral). Geralmente bastam 2 gramas para provocar uma tóxicidade séria e 4 gramas é normalmente letal.