Hoje no tema do Espaço Saúde vamos abordar uma patologia que envolve um defeito congénito ao nível das suturas do crânio que fecham muito precocemente na idade.
Antes de aprofundar mais sobre este tema, é importante perceber o que são as suturas que fazem parte do nosso crânio (Figura 1). Estas suturas caracterizam-se por faixas de tecido que conectam os ossos do crânio. As suturas permitem que o crânio cresça de forma a acompanhar o crescimento do cérebro. Para isso, elas permanecem flexíveis durante vários anos após o nascimento de forma a que se possa adaptar ao crescimento do cérebro, fechando e endurecendo posteriormente conforme a criança cresce. Assim, a partir do momento em que as suturas fecham, o crânio estagna e o cérebro não consegue nem pode crescer mais.
Figura 1 – Crânio com a identificação das diferentes suturas (fontanelas).
Focando agora no assunto propriamente dito, a craniossinostose ocorre quando as suturas se fecham precocemente, ou seja, quando o processo descrito anteriormente acontece muito precocemente na idade não permitindo que o cérebro cresça e se desenvolva naturalmente. Assim, vamos ter um crânio e, respetivamente, um cérebro anormalmente pequeno por dificuldade em se desenvolver. Esta patologia pode ocorrer espontaneamente ou causada por mutações em genes no bebé ocorrendo em 1 em cada 2500 bebés.
Em termos clínicos, podemos classificar as craniossinostoses em vários tipos com base na sutura que é afetada:
- Craniossinostose da sutura sagital
- Esta sutura é referente à fontanela ou moleira do bebé;
- É o tipo de craniossinostose mais comum;
- Causa um crânio estreito e alongado – dolicocefalia;
- Metade das crianças que apresentam esta craniossinostose desenvolvem dificuldades de aprendizagem.
Figura 2 – Crânio estreito e alongado – dolicocefalia.
- Craniossinostose das suturas coronais
- Esta sutura é referente às suturas localizadas à direita e esquerda da moleira do bebé;
- É o segundo tipo de craniossinostose mais comum;
- Causa um crânio curto e largo – braquicefalia – se as suturas nos dois lados da moleira se fecharem;
- Causa uma deformidade craniana diagonal – plagiocefalia -se as suturas se fecharem apenas num lado da moleira;
- As crianças que apresentam esta craniossinostose costumam desenvolver outras anomalias na face e crânio.
Figura 3 – Crânio curto e largo – braquicefalia – se as suturas nos dois lados da moleira se fecharem.
Figura 4 – Causa uma deformidade craniana diagonal – plagiocefalia -se as suturas se fecharem apenas num lado da moleira.
Como já foi mencionado, a craniossinostose pode ser identificada através de um exame físico ao recém-nascido em que os médicos também solicitam testes genéticos por meio de uma análise de sangue de formas a procurar alterações cromossómicas e genéticas. Como diagnóstico mais exclusivo, é importante também proceder à realização de exames de imagem ao crânio e ao cérebro. A cirurgia é o tratamento resolutivo mais certo para correção desta patologia. Em outros casos também se coloca a possibilidade de o recém-nascido utilizar um capacete especial para ajudar a moldar o crânio proporcionando-lhe um formato mais regular.
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