O que são Zoonoses?
- Vírus;
- Bactérias;
- Parasitas;
- Fungos.
Transmissão das zoonoses
As zoonoses pode ser transmitidas de várias formas entre o animal e o Homem por:
- Contacto direto, através da pela saliva, sangue, urina, entre outros;
- Contacto indireto, através de áreas onde vivem animais ou objetos com que contactam;
- Vetores, por exemplo mosquitos, carraças, pulgas;
- Produtos alimentares de origem animal contaminados;
- Água contaminada com dejetos de animais.
Cerca de 65% das doenças dos animais são transmissíveis ao homem e 75% das doenças do homem são transmitidas por animais.
Principais zoonoses
- Brucelose
- É causada por Brucella spp. que são bactérias Gram-negativas. Os sintomas iniciam-se como uma doença febril aguda, com pouco ou nenhum sinal localizado, e pode progridir para uma fase crónica caracterizada por recaídas de febre, fraqueza, sudorese e dores vagas. O diagnóstico é feito por cultura, geralmente do sangue. Tratamento geralmente requer o uso de 2 antibióticos — doxiciclina ou SMX-TMP mais gentamicina, estreptomicina ou rifampicina.
- Dengue
- É uma doença transmitida por mosquito, causada por um flavivírus. Normalmente, tem início abrupto, com febre alta, cefaleia, mialgias, artralgias, linfadenopatia generalizada e um exantema que aparece com uma 2ª elevação de temperatura após um período afebril. Sintomas respiratórios, como tosse, dor de garganta e rinorreia, podem ocorrer. A dengue também pode provocar febre hemorrágica fatal, com uma tendência a sangramento e choque. O diagnóstico envolve PCR e testes serológicos. O tratamento é sintomático e, na dengue hemorrágica, exige a reposição de volume intravascular com ajuste rigoroso.
- Doença de Chagas
- É uma infecção provocada pelo Trypanosoma cruzi transmitida por picadas de inseto Triatominae ou, menos comumente, pela ingestão de sumo ou alimentos contaminados com triatomíneos infetados ou por intermédio das suas fezes, por via transplacentária da mãe infetada para o feto ou por transfusão de sangue ou transplante de órgão de um doador infetado. Os sintomas depois de uma picada de Triatominae costumam começar com lesão cutânea ou edema periorbitário unilateral, evoluindo então para febre, mal-estar, linfadenopatia generalizada e hepatoesplenomegalia; anos mais tarde, alguns pacientes apresentam miocardiopatia crónica, megaesôfago ou megacólon. Muitas pessoas infetadas nunca desenvolvem a doença. Nos pacientes com SIDA, a pele ou o cérebro podem ser comprometidos. O diagnóstico é feito pela deteção de tripanossomos no sangue periférico ou em aspirado de órgãos infetados. Testes de anticorpos são sensíveis e podem ser úteis. O tratamento é feito com nifurtimox ou benznidazol.
- Febre Q
- É uma doença aguda ou crónica provocada por uma bactéria semelhante à Riquetsia, Coxiella burnetii. Os sintomas da doença aguda são de início súbito, com febre, cefaleia, mal-estar e pneumonite intersticial. Manifestações de doença crónica refletem o órgão do sistema afetado. O diagnóstico é confirmado por várias técnicas de serologia, isolamento do microrganismo ou PCR. O tratamento é feito com doxiciclina ou cloranfenicol.
- Giardíase
- É uma infeção causada pelo protozoário flagelado Giardia duodenalis (G. lamblia, G. intestinalis). A infeção pode ser assintomática ou provocar sintomas que variam de flatulência intermitente a má absorção crónica. O diagnóstico é feito por meio da identificação do agente nas fezes a fresco ou do conteúdo duodenal, ou por análise de antígeno de Giardia nas fezes. O tratamento é feito com metronidazol, tinidazol, ou nitazoxanida; ou, durante a gestação, paromomicina.
- Hidatidose
- Equinococose é uma infeção provocada por larvas da ténia Echinococcus granulosus ou E. multilocularis (doença hidatídica alveolar). Os sintomas dependem dos órgãos envolvidos — p. ex., icterícia e desconforto abdominal com cistos hepáticos ou tosse, dor no peito e hemoptise com cistos nos pulmões. A rutura de cistos pode causar febre, urticária e reações anafiláticas intensas. O diagnóstico é feito com exames de imagem, avaliação do líquido contido no cisto, ou testes serológicos. O tratamento é realizado com albendazol e/ou cirurgia ou aspiração do cisto e instilação de um agente escolicida.
- Larva migrans cutânea
- É uma infeção por ancilóstomos transmitida a partir da terra úmida e quente, ou quando a pele fica exposta à areia.
- Leptospirose
- É uma infeção causada por um dos diversos serotipos patogénicos da spirochete Leptospira. Os sintomas são bifásicos. Nas duas fases ocorrem episódios febris agudos; a 2ª fase apresenta, algumas vezes, comprometimento hepático, renal e meníngeo. O diagnóstico é feito por microscopia de campo escuro, cultura e serologia. O tratamento é realizado com doxiciclina ou penicilina.
- Leishmaniose
- É causada por espécies de Leishmania. As manifestações incluem síndromes viscerais, cutâneas e da mucosa. A leishmaniose cutânea produz lesões de pele nodulares e indolores que aumentam, sofrem ulceração no centro e persistem por meses a anos. A leishmaniose mucocutânea afeta tecidos nasofaríngeos e pode provocar mutilação total do nariz e do palato. A leishmaniose visceral provoca febre irregular, hepatosplenomegalia, pancitopenia e hipergamaglobulinemia policlonal, com alta mortalidade em pacientes sem tratamento. O diagnóstico é feito pela demonstração de parasitas em amostras ou culturas e, cada vez mais, por ensaios baseados em PCR. Serologia pode ser útil no diagnóstico da leishmaniose visceral, mas não da forma cutânea. O tratamento da leishmaniose visceral é com anfotericina B lipossomal. Há ainda uma variedade de tratamentos tópicos e sistémicos disponível para leishmaniose cutânea dependendo das espécies causadoras e manifestações clínicas.
- Raiva
- Raiva é uma encefalite viral transmitida por saliva de morcegos e certos mamíferos infetados. Os sintomas abrangem depressão e febre, seguidos por agitação, salivação excessiva e hidrofobia. O diagnóstico é estabelecido por testes serológicos ou biópsia. A vacinação é indicada a pessoas em alto risco de exposição. A profilaxia na pós-exposição consiste no cuidado das feridas e imunoprofilaxias passiva e ativa e, se executada de modo imediato e meticuloso, quase sempre previne a raiva em seres humanos. Caso contrário, essa doença quase sempre é fatal.
- Toxoplasmose
- A toxoplasmose é uma infecção causada por Toxoplasma gondii, um protozoário unicelular. Geralmente, a infeção não provoca sintomas, mas algumas pessoas apresentam edema nos linfonodos, febre, uma vaga sensação de mal-estar e às vezes dor de garganta ou visão embaçada e dor nos olhos. Nas pessoas com o sistema imunológico debilitado, a toxoplasmose pode ser reativada, afetando geralmente o cérebro. Uma infecção reativada pode causar fraqueza, confusão, convulsões ou coma ou disseminar-se por todo o corpo. Bebés infetados antes do nascimento – infeção congénita – podem apresentar defeitos congénitos, perda de visão, convulsões, incapacidade intelectual ou outras anormalidades.
Fatores de risco
Qualquer pessoa pode ter uma zoonose. No entanto, há grupos de risco mais importantes, como:
- Crianças com menos de 5 anos;
- Adultos com mais de 65 anos;
- Grávidas;
- Pessoas com o sistema imunitário debilitado.
Fontes: Hospital da Luz – Zoonoses, por médicos e outros profissionais clínicos da Rede Hospital da Luz; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Brucelose (Febre Ondulante, Febre de Malta, Febre do Mediterrâneo ou Febre de Gibraltar), por Larry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University e Maria T. Perez, MD, Wellington Regional Medical Center, West Palm Beach; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Dengue (Febre quebra-osso, Dandy Fever), por Thomas M. Yuill, PhD, University of Wisconsin-Madison; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Doença de Chagas (Tripanossomíase americana), por Richard D. Pearson, MD, University of Virginia School of Medicine; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Febre Q, por William A. Petri, Jr, MD, PhD, University of Virginia School of Medicine; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Giardíase, por Richard D. Pearson, MD, University of Virginia School of Medicine; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Equinococose (Doença hidatídica), por Richard D. Pearson, MD, University of Virginia School of Medicine; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Leptospirose, por Larry M. Bush, MD, FACP, Charles E. Schmidt College of Medicine, Florida Atlantic University e Maria T. Perez, MD, Wellington Regional Medical Center, West Palm Beach; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Leishmaniose, por Richard D. Pearson, MD, University of Virginia School of Medicine; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Raiva, por John E. Greenlee, MD, University of Utah School of Medicine; Manual MSD Versão Para Profissionais de Saúde – Toxoplasmose, por Richard D. Pearson, MD, University of Virginia School of Medicine.