Aborto espontâneo é o tema da rubrica de hoje como ficou descrito na última rubrica sobre aborto séptico e, este caracteriza-se pela morte embrionária ou fetal não induzida ou a eliminação dos produtos da conceção antes das 20 semanas de gestação. A ameaça de aborto é a ocorrência de sangramento vaginal sem dilatação cervical nesse período de tempo o que indica um possível aborto espontâneo em uma mulher com gestação intrauterina viável confirmada.
A morte fetal e o parto prematuro são classificados da seguinte forma:
- Aborto: morte do feto ou passagem dos produtos da conceção (feto e placenta) antes de 20 semanas de gestação
- Morte fetal: morte fetal após 20 semanas
- Parte prematuro: parto do feto vivo entre 20 e 37 semanas
Os abortos podem ser classificados como:
- Precoce ou tardio
- Espontâneo ou induzido por razões terapêuticas ou eletivas
- Ameaça ou inevitável
- Incompleto ou completo
- Aborto recorrente
- Oculto
- Séptico
Cerca de 20 a 30% das mulheres, com gestação confirmada, sangram durante as primeiras 20 semanas de gestação; metade delas aborta espontaneamente. Assim, a incidência do aborto espontâneo é de aproximadamente 20% das gestações confirmadas. A incidência em todas as gestações provavelmente é maior, pois alguns abortos precoces são confundidos com menstruação tardia.
Etiologia do aborto espontâneo
Abortos espontâneos isolados podem resultar de certas viroses como por exemplo o citomegalovírus, o herpes-vírus, o parvovírus e a rubéola, Também pode ser causado por outros distúrbios que podem causar abortos esporádicos ou recorrentes como anomalias cromossómicas ou mendelianas e defeitos na fase lútea. Outras causas incluem deficiências imunológicas, trauma importante e anormalidades uterinas como miomas ou adesões.
A causa mais frequente de um aborto espontâneo é desconhecida.
Os fatores de risco de aborto espontâneo incluem:
- Idade > 35
- História de aborto espontâneo
- Tabagismo
- Uso de certas drogas (por ex.: cocaína, álcool, altas doses de cafeína)
- Doença crónica mal controlada (por ex.:, diabetes, hipertensão, distúrbios da tiroide evidentes)
Sintomatologia do aborto espontâneo
Os sintomas do aborto espontâneo incluem:
- Dor pélvica do tipo cólica
- Sangramento
- Expulsão de restos ovulares, numa fase mais tardia.
Diagnóstico do aborto espontâneo
- Critérios clínicos
- Normalmente, ultrassonografia e avaliação quantitativa da subunidade beta da gonadotropina coriónica humana (beta-hCG)
Diagnósticos de ameaça de aborto, aborto inevitável, incompleto ou completo são frequentemente possíveis com base em critérios clínicos e teste urinário positivo para gestação.
A ultrassonografia e mensuração quantitativa da beta-hCG sérica costumam ser realizadas para descartar gestação ectópica e para determinar se os produtos da concepção continuam no útero.
Tratamento do aborto espontâneo
- Observação para ameaça de aborto
- Evacuação uterina para aborto inevitável, incompleto ou oculto
- Apoio emocional
Para a ameaça de aborto, o tratamento é a observação. Nenhuma evidência sugere que o repouso diminui o risco de subsequente aborto completo.
Após um aborto induzido ou espontâneo, os pais podem se sentir tristes e culpados. Eles devem receber apoio emocional e, no caso de abortamentos espontâneos, tranquilizados no sentido de que seus atos não foram a causa.