A amamentação é uma nutrição alternativa sendo recomendado leite materno por, no mínimo, 6 meses e introdução de alimento sólido apropriado dos 6 meses a 1 ano. Além de 1 ano, o leite materno continua até lactente e mãe desejarem, embora, após 1 ano, ele deva ser complementado com uma dieta completa de alimentos sólidos e líquidos. Para encorajar o aleitamento materno, os profissionais devem iniciar discussões pré-natais, mencionando as suas múltiplas vantagens:
- Para a criança: vantagens nutricional e cognitiva e proteção contra infeções, alergias, obesidade, doença de Crohn e diabetes;
- Para a mãe: Redução da fertilidade durante a lactação, retorno mais rápido para as condições normais e proteção contra osteoporose, obesidade e cancro ovariano e mamário na pré-menopausa.
Em primíparas, a produção láctea é plenamente estabelecida em 72 a 96 h, e em menos tempo nas multíparas. O primeiro leite produzido é o colostro, um líquido fino amarelo, rico em calorias e proteínas, que é imunoprotetor, por ser rico em anticorpos, linfócitos e macrófagos.
O leite materno tem as seguintes características:
- Tem alto conteúdo de lactose, disponibilizando uma fonte energética;
- Contém grandes quantidades de vitamina E, um importante antioxidante que pode ajudar na prevenção da anemia, aumentando a meia-vida dos eritrócitos;
- Tem uma razão cálcio:fósforo de 2:1, que previne a tetania por deficiência de cálcio;
- Altera favoravelmente o pH fecal e a flora intestinal do neonato protegendo contra diarreia bacteriana;
- Transfere anticorpos protetores maternos para o lactente;
- Contém colesterol e taurina, importante para o crescimento cerebral, independentemente da dieta materna;
- Fonte natural de ácidos gordos ricos em ómega-3 e ómega-6.
Se a dieta materna for suficientemente diversificada, nenhuma suplementação alimentar ou vitamínica é necessária para a mãe ou para o lactente durante a amamentação.
Técnica de amamentação
- A mãe deve adotar posição confortável, relaxada e sustentar a mama com a mão para assegurar que esteja centrada na boca do lactente, minimizando qualquer sensação dolorosa;
- O centro do lábio inferior do lactente deve ser estimulado com o mamilo, para que ele se vire e a boca se abra amplamente;
- O lactente deve ser encorajado a envolver a mama e a aréola quanto possível, posicionado os lábios 2,5 a 4 cm da base do mamilo. Assim, a língua do lactente comprime o mamilo contra o palato duro;
- O volume do leite aumenta enquanto a criança cresce e aumenta o estímulo pela sucção. A duração da amamentação é geralmente determinada pelo lactente;
- Algumas mulheres precisam de uma bomba de sucção para que a mama aumente ou mantenha a produção do leite;
- O lactente deve amamentar em um dos seios até que ele fique amolecido e a sucção diminua ou pare. A mãe pode, então, interromper a sucção com um dedo antes de remover o lactente de um seio e oferecer o outro;
- Nos primeiros dias após o nascimento, os bebés podem mamar apenas em um lado; após, a mãe deve passar a alternar os lados a cada mamada.
- Os bebés pequenos para a idade gestacional e prematuros tardios não devem dormir longos períodos à noite. Já os nascidos de termo que se alimentam bem podem dormir mais tempo.
- O leite do peito pode ser extraído com a bomba e deve ser imediatamente refrigerado se for utilizado dentro de 48 h e imediatamente congelado se for usado após 48 h. O leite refrigerado que não for usado após 96 h deve ser descartado pelo alto risco de contaminação bacteriana. O leite congelado deve ser degelado, colocando-o em água quente; o micro-ondas não é recomendado.
Complicações da amamentação para o lactente
Principal complicação:
- Alimentação insuficiente que pode levar à desidratação e hiperbilirrubinemia.
Fatores de risco da alimentação inadequada:
- Lactentes pequenos ou prematuros e mães que são primíparas, que adoeceram ou que tiveram partos operatórios ou difíceis.
Complicações maternas da amamentação
Complicações maternas:
- Ingurgitamento mamário, mamilos doloridos, ductos obstruídos, mastite e ansiedade.
- Mamilos doloridos
- A posição do lactente deve ser avaliada: às vezes o lactente puxa no lábio e suga, irritando o mamilo. A mãe pode tirar o lábio com o polegar. Após a amamentação, ela pode extrair um pouco do leite, deixando-o secar sobre os mamilos. Após a amamentação colocar compressas frias reduzem o ingurgitamento e proporcionam mais alívio.
- Ductos obstruídos
- Manifestam-se como saliências levemente sensíveis nas mamas da mãe que amamenta, sem outros sinais sistêmicos de doença. A amamentação continuada garante esvaziamento adequado da mama. Compressas mornas e massagens da área afetada antes da amamentação podem auxiliar o esvaziamento posteriormente. As mulheres também podem alternar as posições na amamentação, porque diferentes áreas da mama podem drenar melhor dependendo da posição do lactente ao seio. Um bom sutiã próprio para amamentação ajuda, pois o sutiã com alças de suporte ou compressão pode contribuir para a estase do leite na área comprimida.
- Mastite
- Comum manifestando-se como uma área inchada, sensível, quente e em forma de cunha. É causada por ingurgitamento ou obstrução de uma região mamária; pode ocorrer infecção secundariamente, mais frequentemente por Staphylococcus aureus resistente à penicilina e com menos frequência o Streptococcus sp ou Escherichia coli.
- Ansiedade materna
- Frustração e sentimento de incapacidade podem resultar da falta de experiência em amamentar, dificuldades mecânicas para manter o lactente em condições de sugar, fadiga, dificuldade para avaliar se a amamentação é adequada e mudanças fisiológicas pós-parto.
Uso de fármacos e amamentação
Mães que amamentam devem evitar, se possível, o uso de fármacos.
Quando o tratamento com o fármaco se fizer necessário, devem-se utilizar alternativas sabidamente seguras; quando possível, a medicação deve ser usada imediatamente após a amamentação ou antes do período de sono mais prolongado do lactente.
Desmame
O desmame pode ocorrer sempre que a mãe e o lactente o desejarem mutuamente, embora preferencialmente não até que o lactente tenha pelo menos 12 meses de vida. É mais comum que o desmame aconteça durante semanas ou meses durante o tempo da introdução dos alimentos sólidos; embora algumas mães e lactentes interrompam abruptamente sem problemas, outras continuam amamentando 1 ou 2 vezes/dia durante 18 ou 24 meses ou mais. Não existe qualquer esquema correto.