Breve introdução
São vários os tumores que afetam a bexiga, no entanto quando se fala de tumor da bexiga, refere-se essencialmente ao carcinoma da bexiga. Trata-se de um dos tumores malignos mais frequentes e incide mais no sexo masculino do que no feminino, cerca de três vezes mais. O fator de maior risco associado ao desenvolvimento deste tipo de tumor é, sem dúvida, o tabagismo, embora, como é de imaginar, possa se desenvolver em indivíduos não fumadores. Existe muitas das vezes, uma tendência familiar para o seu desenvolvimento, ou seja, o risco é normalmente maior em indivíduos que apresentem familiares diretos com a manifestação desta patologia.
Diagnóstico do tumor da bexiga
O principal sinal de alerta que indica possibilidade de existência de um tumor da bexiga é, sem dúvida, o aparecimento de hematúria (sangue na urina). Este sinal pode aparecer de forma isolada ou vir acompanhado de outra sintomatologia, desde ardor no ato de micção e aumento da frequência do mesmo. No entanto, esta doença pode se desenvolver silenciosamente e evoluir sem que haja evidência de qualquer sintoma e, o diagnóstico quando realizado é já numa fase muito avançada da doença.
Numa primeira abordagem clínica diagnóstica são realizados exames como cistoscopia, exame endoscópico para observar o interior da bexiga e a ecografia da bexiga, ecografia vesical. Em determinadas situações é necessário recorrer a exames mais detalhados para melhor caracterizar o tumor ou para, de alguma forma, esclarecer as possíveis dúvidas existentes após a realização da ecografia.
Tratamento do tumor da bexiga
Posteriormente à realização do diagnóstico, é necessário realizar uma cirurgia designada por ressecção trans-uretal da bexiga. É uma cirurgia endoscópica realizada por via trans-uretal e permite proceder à excisão do tumor, quer na totalidade ou em parte. O tecido removido é, consequentemente analisado para caracterização tumoral. Desta forma, determina-se a localização do mesmo, ou seja , se é superficial atingindo apenas o revestimento da bexiga ou se é invasivo invadindo a parede muscular da bexiga. Normalmente, os tumores invasivos são sinónimo de mais agressivos e implicam tratamento consequentemente mais agressivos também.
Em situações em que o tumor é pequeno e superficial, a cirurgia pode ser o único tratamento necessário. Quando o tumor, mesmo que superficial, apresente um tamanho superior a 2 cm ou quando existem aglomerados de vários tumores, pode ser necessário realizar quimioterapia intravesical – instilação de um líquido dentro da bexiga através de uma sonda. É normalmente um tratamento bem tolerado uma vez que o agente medicamentosos entra em contacto com a superfície da bexiga e não é absorvido pela circulação sanguínea e, portanto, não existe o desenvolvimento de efeitos secundários habitualmente conhecidos e característicos entre os ciclos de quimioterapia.
Se o tumor for invasivo, é normalmente mais agressivo e pode haver necessidade de realizar cistectomia radical – cirurgia em que a bexiga é totalmente removida. Nestes casos, é possivel a substituição da bexiga por um reservatório produzido com base no intestino, outras vezes isso não é possível e é necessário derivar a urina para um estoma definititivo na pele e a urina é coletada num saco que é colado à pele.
Em situações em que o tumor ultrapasse o limite da parede da bexiga e invade a cavidade pélvica ou em casos de metastização, não há indicação para cirurgia curativa e o tratamento inicia-se com quimioterapia.
Prognóstico do tumor da bexiga
O prognóstico deste tipo de tumor é mais favorável quando o tumor é superficial, como é fácil de entender. Nos tumores invasivos, o prognóstico pode ser bom quando o tumor está confinado apenas à parede da bexiga e é possível realizar cistectomia radical, sendo pior quando o tumor ultrapassa a parede da bexiga como já foi referenciado e, em último caso, quando existe a dissiminação do tumor para outros órgãos – metastização.
Fontes: Associação Portuguesa de Urologia, Instituto Vence o Câncer, Instituto CUF oncologia, Hospital Sírio-Libanês – Urologia