Hoje o tema de interesse recai sobre uma patologia associada ao efeito do álcool ingerido durante o período de gestação. Tem como principal objetivo mostrar que este tipo de factos ainda se verificam, hoje em dia, na clínica médica e entre as mães a nível mundial e, de alguma forma alertar para as consequências nefastas que este traz para o feto e futuro recém-nascido.
O que é a Síndrome do Alcoolismo Fetal?
A Síndrome do Alcoolismo Fetal (SAF) caracteriza-se por um conjunto de sintomatologia apresentados pelo feto devido à ingestão de álcool pela mãe durante o período gestacional e concepcional. Estre os diversos sintomas, destacam-se o déficit de crescimento, alterações características faciais e um atraso notório no desenvolvimento neuropsicomotor. Atualmente, esta patologia é considerada a maior causa de déficit intelectual que pode ser 100% prevenido, no mundo.

Figura 1 – Síndrome do Alcoolismo Fetal
Causa da patologia
A principal causa desta síndrome está diretamente relacionada com a ingestão de álcool em grandes quantidade pela futura mãe durante o período concepcional e gestacional. Não se encontra ainda estabelecido um nível mínimo de etanol que desenvolva esta síndrome. O grau de malformação fetal e neonatal está dependente da quantidade de álcool que a mãe ingeriu, mas também do período de gestação em que houve este tipo de consumo.

Figura 2 – Características faciais de uma criança com SAF
Fatores de risco da patologia
Os fatores de risco associados a esta síndrome recai todos sobre o mesmo foco. Alguns fatores de risco já puderam ser descritos como estando associados à síndrome em questão, como:
- Consumo de álcool no primeiro trimestre de gravidez;
- Início precoce no processo de ingestão de álcool;
- Idade materna acima dos 25 anos de idade;
- História de gestação anterior com parto prematuro ou nado-morto;
- Ter histórico de três ou mais gestações descritas anteriormente;
- Ingestão de álcool com frequência de cinco ou mais doses ocasional e duas ou mais vezes por semana.
De referir, que embora comum este tipo de patologia, é mais habitual encontrar-se em mulheres com menor padrão sócio-económico e associados a casos de depressão e consumo de álcool pelo companheiro ou familiares próximos relacionais.
Sintomas da patologia
Os principais sintomas verificados estão associados a deficit de crescimento e alterações características faciais, acompanhadas por atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
As alterações faciais mais comuns estão associadas a:
- Fissuras palpebrais pequenas;
- Fácies plana;
- Hipoplasia maxilar;
- Nariz mais curto que o normal;
- Filtro nasal longo e hipoplásico;
- Lábio superior fino.

Figura 3 – Características craniofaciais da SAF

Figura 4 – Microcefalia
O recém-nascido, em traços gerais, também pode apresentar:
- Baixo peso ao nascimento;
- Reduzido ganho de peso no processo de crescimento;
- Microcefalia (cabeça de tamanho reduzido);
- Posteriormente, dificuldade de aprendizagem, linguagem, memória e atenção;
- QI baixo;
- Alterações de visão e audição;
- Dificuldades no processo de socialização;
- Distúrbios comportamentais;
- Atraso no desenvolvimento cognitivo;
- Alterações neurológicas como convulsões, doença renal, ósseas e cardiopatias congénitas.
Como se observa, a sintomatologia é diversificada, dado que a passagem de etanol da mãe para o filho através da placenta e o grau de metabolização do etanol pelo fígado materno são variáveis tornando, desta forma, toda a sintomatologia variável de caso para caso, de organismo para organismo.
O diagnóstico é difícil e, normalmente tem-se em consideração a história materna de ingestão de bebidas alcoólicas e a sintomatologia referenciada anteriormente.
O tratamento desta patologia envolve, essencialmente, um acompanhamento fisioterapêutico para os problemas de coordenação motora, acompanhamento psicológico para as alterações comportamentais e sociais, acompanhamento psiquiátrico para as alterações mentais e transtornos compulsivos, havendo ainda necessidade de especificar a restante sintomatologia para a área de saúde adequada.
Possíveis complicações
Nem sempre o diagnóstico desta patologia é realizado precocemente. A sintomatologia inespecífica também pode ser um fator de complicação. Ou seja, um diagnóstico precoce poderia permitir melhorar a qualidade de vida da criança. Um acompanhamento adequado e especializado da gestação pode melhorar, em grande parte o desenvolvimento de uma criança com síndrome do alcoolismo fetal.
A única forma de prevenir esta síndrome é optar pela abstinência de ingestão de álcool durante o período concetional e gestacional!
Fontes: Minha Vida – Síndrome do Alcoolismo Fetal, Efeitos do consumo de álcool sobre o feto, A Síndrome do alcoolismo fetal e as medidas educativas