
Os machos apresentam uma coloração verde bastante característica. Autor: Maximilian Paradiz
Bagheera kiplingi é uma espécie de aranha-saltadora que pode ser encontrada na América Central, mais especificamente no México, Costa Rica e Guatemala. Bagheera kiplingi tornou-se conhecida por ter uma dieta bastante particular, esta aranha-saltadora é quase exclusivamente herbívora. Isto é algo único para uma aranha. Nenhuma outra aranha conhecida tem uma dieta tão única como B. kiplingi. Foi descrita pela primeira vez pelo casal Peckham.
O nome do género, Bagheera, pertence à famosa pantera-negra do Livro da Selva, de Rudyard Kipling. Já kiplingi honra o nome do próprio autor. Para além de Bagheera kiplingi, existem outras três espécies no género Bagheera, incluido B. prosper. As aranhas-saltadoras compõem a família Salticidae. E tal como aconteceu com B. kiplingi, George Peckham e Elizabeth Peckham, em 1896, descreveram outros três géneros, que receberam nomes de personagens de Kipling. Esses nomes são Akela, Messua e Nagaina.

Um Bagheera kiplingi a alimentar-se dos corpos de Beltian. Autora: Carol Farneti Foster.
B. kiplingi é uma aranha colorida e é uma espécie que apresenta dimorfismo sexual. Os machos têm pernas de cor âmbar, um cefalotórax escuro com uma mancha esverdeada perto da cabeça e um abdóman com linhas transversais verdes. Já as fêmeas possuem pernas frontais bastantes mais grossas da cor do âmbar, enquanto as restantes são mais finas e de cor amarelo-claro. O seu cefalotórax vermelho-acastanhado possui uma mancha escura perto da cabela. Já o seu abdómen é castanho claro, com marcas castanho escuras e esverdeadas.
O macho foi descrito pela primeira vez em 1896 e a fêmea foi descrita 100 anos mais tardes, por Wayne Maddison, um professor do departamento de zoologia e biologia da Universidade da Colômbia Britânica.
Bagheera kiplingi habita árvores da subfamília Mimosodae, em particular do género Vachellia. Estas árvores produzem corpos de Beltian, estruturas ricas em proteínas, ácidos gordos e açúcares. Estes corpos formam-se na ponta das folhas destas acácias e fazem parte de uma relação com certas espécies de formigas. Um bom exemplo é Pseudomyrmex ferruginea, uma espécie de formigas semelhante a vespas, possuidoras de um ferrão. Estas formigas protegem a sua árvore hospedeira de qualquer insecto que tente se alimentar das suas folhas ou dos corpos de Beltian. São bastante agressivas e formam as suas colónias na própria árvore. Assim, B. kiplingi faz uso dos seus saltos para ativamente evitar as formigas e alcançarem os corpos de Beltian, que também são fonte de alimento das formigas.
A aranha hebívora!
Eric Olson descobriu a dependência de Bagheera kiplingi nestes corpos de Beltian, que constitui quase 90% da sua dieta. Mas estas aranhas-saltadoras também se alimentam de néctar e ocasionalmente roubam larvas de formiga de obreiras em movimento. Também são conhecidas por caçarem outras espécies de aranhas-saltadoras, especialmente durante a época seca.

Um indivíduo macho. Autor : Wayne Maddison.
O processo que as aranhas utilizam para processar e ingerir os corpos de Beltian ainda estão por investigar. O que se sabe é que as aranhas liquefazem as suas presas usando enzimas digestivas e depois bebem os sucos. Porém, não se sabe se um método semelhante é usado no processamento dos corpos de Beltian.
Na Costa Rica, indivíduos desta espécie não são totalmente herbívoros, visto que apenas 5% das Acacia são habitadas por estas. Mas no México, a dieta quase exclusivamente herbívora é possível, visto que elas habitam mais de metade das Acacia collinsii.
A reprodução de B. kiplingi aparenta decorrer ao longo do ano. Foram observadas fêmeas adultas a guardar crias e ninhadas de ovos sugere que a espécie é quasisocial. Quasisocial é um termo utilizado para grupos de animais da mesma espécie que habitam no mesmo local e que podem partilhar responsabilidades de proteger e tomar conta das ninhadas.
Fonte: Wikipedia, CS Monitor