Cientistas desenvolveram um processo simples de tratar borras de café de forma a poderem armazenar metano. Uma simples técnica de imersão e aquecimento das borras leva à obtenção de um nanomaterial de captura de carbono, com a vantagem adicional de reciclar resíduos provenientes da actividade humana.
Os resultados foram publicados no dia 3 de Setembro deste ano, no jornal Nanotechnology (“Activated carbon derived from waste coffee grounds for stable methane storage”).
A captura e armazenamento de metano proporciona duas vantagens a nível ambiental – permite a captura de um dos gases de estufa da atmosfera e permite a redução da utilização de petróleo, uma vez que o metano capturado pode depois ser usado como combustível.
O processo, desenvolvido por investigadores do Instituto Nacional de Ulsan para a Ciência e Tecnologia (UNIST), da Coreia do Sul, envolve submergir os resíduos em hidróxido de sódio e aquecê-los a 700-900ºC numa fornalha, obtendo-se um material com capacidade de captura estável de carbono em menos de um dia. “A grande vantagem é que estamos a reduzir o tempo de fabricação e estamos a usar materiais baratos”, explica Christian Kemp, um autor do artigo, que se encontra sitiado na Universidade De Ciência e Tecnologia de Pohang, Coreia. “O material é gratuito, comparado com todos os metais e compostos orgânicos caros necessários em outros processos – na minha opinião, esta é uma maneira muito mais fácil [de se produzir nanomateriais]”. Kemp encontrou a sua inspiração na sua caneca de café enquanto discutia um projecto completamente diferente com os seus colegas de trabalho na UNIST. “Nós estávamos sentados a beber café e olhei para as minhas borras de café e pensei «eu questiono-me se consigo usar isto para armazenar metano»”, continua. A absorvência das borras de café pode ser a chave para a activação, com sucesso, do material para captura de carbono. “Parece que quando adicionamos hidróxido de sódio para formar o carbono activado este absorve tudo”, disse Kemp. “Conseguimos eliminar um passo no processo de activação – a filtração e lavagem – pois o café é um excelente absorvente”.
O trabalho também demonstra capacidade de armazenamento de hidrogénio a temperaturas criogénicas, pelo que os investigadores estão agora a desenvolver uma forma de armazenamento de hidrogénio no café activado a temperaturas menos extremas.
Fonte: Nanowerk