Sem mais demoras, o animal em destaque desta semana é o Cavalo-de-przewalski, a última sub-espécie de cavalo selvagem que existe no mundo. Foram descritos pela primeira vez, por N. M. Przewalski (um coronel russo), no final do séc. XIX, durante as suas viagens pelas pastagens que se localizam na fronteira Mongólia-China. Vários animais foram levadas para zoos um pouco por todo o mundo.
Nos anos 60, uma combinação de factores levou à extinção da sub-espécie nestas pastagens, sobrando apenas os indivíduos que se encontravam em zoos. Mais tarde foram feitas expedições nestas áreas, mas nenhuma população selvagem foi encontrada na região, apenas 3 ou 4 indivíduos, que mais tarde desapareceram. Para piorar o cenário, já em 1945, a maior população de cavalos cativa na Europa, na reserva natural de Askania-Nova (Ucrânia), foram abatidos a tiro pelo exército alemão, enquanto os últimos indivíduos da população nos EUA acabaram por morrer, sobrando apenas duas populações de cavalos selvagens, em Munique e Praga. No final dos anos 60, apenas 12 indivíduos em cativeiro sobraram em todo o mundo.
Mas através de muito esforço, foi possível assegurar a continuação do cavalo selvagem em cativeiro e para impedir o cruzamento entre parentes muito próximos, chegaram-se mesmo a fazer trocas de cavalos-de-przewalski entre os zoos do mundo. Todo este trabalho foi conseguido através do trabalho e esforço da Fundação para a Preservação e Protecção do Cavalo-de-przewalski (FPPPH). Muitos anos mais tarde, a reintrodução destes cavalos, na Mongólia, foi um sucesso.
Estes herbívoros possuem um corpo baixo ( mais baixos que a maior parte dos cavalos domesticados), mas musculado. A sua pelagem pode variar entre o bege e o castanho-avermelhado e durante o Inverno é muito mais espessa comparativamente com o Verão. A sua crina é erecta e mais escura do que o resto do corpo. Têm uma altura de ombros de 1,22 a 1,42 m, pesando entre 200 a 340 kg, sendo capazes de viverem durante 20 anos.
Actualmente, podem ser observados a pastar nas planícies da Mongólia Ocidental e China Setentrional. Os grupos de cavalos, introduzidos lá, demonstram comportamentos afectuosos entre membros da mesma espécie. Sendo possível observar brincadeiras entre os vários indivíduos do grupo e certos actividades diárias (ex: Coçarem-se contra rochas, rebolarem na areia ou corridas). Existem dois tipos de grupos, o primeiro composto por um garanhão dominante e éguas e suas crias (hárens), e o segundo é composto por jovens cavalos machos (solteiros). As éguas só dão à luz a um potro, após um período de gestação de 11-12 meses.
Chamam-se Equus ferus przewalskii e são uma sub-espécie de cavalos selvagens, cujos antepassados nunca foram domesticados pelo Homem. A extinção da espécie ocorreu também devido ao cruzamento com outras raças de cavalos ou ao aumento das pastagens agrícolas e durante em situações de guerra, serem uma fonte de alimento para soldados. Mas hoje em dia, felizmente, existem mais de 1,500 cavalos-de-przewalski, muitos em zoos mas os restantes a viverem em haréns nas planícies da Mongólia. Assim, o cavalo-de-przewalski passou de extinto para em perigo de extinção, pois ainda falta um longo caminho a percorrer na protecção e sobrevivência desta sub-espécie.
É de notar que esta sub-espécie possui 66 cromossomas, enquanto os seus primos domésticos já possuem 64. Mesmo assim o cruzamento das espécies é viável, sendo as crias capazes de originar descendência, mas isto leva à perda do fenótipo característico de cada progenitor.
Para quem tiver interessado a desvendar mais sobre o Cavalo-de-przewalski ou a FPPPH, pode visitar o seguinte link: FPPPH
E é tudo por hoje, assim acaba a quinquagésima edição da Vida em Destaque, espero que tenham gostado desta história de sobrevivência. Aconselho a manterem-se ao corrente dos restantes Dias Especiais do FCiências, não só os desta semana, mas também, os que se encontram nos Arquivos! Tenham um Bom Fim-de-Semana!
Luís M. Tavares