O artigo desta semana é electrizante, portanto tomem alguma precaução durante a leitura. Electrophorus electricus, também conhecido por enguia-eléctrica, é um peixe muito famoso capaz de gerar uma carga eléctrica até 600 volts (capaz de deitar um cavalo a baixo) para atordoar vítimas e afastar possíveis predadores. Mas o que muitas pessoas não sabem, é que a enguia-eléctrica não é uma enguia verdadeira (apesar da sua forma) sendo um parente mais próximo das carpas e do peixe-gato. Pode chegar a medir por volta de 2 m de comprimento e pesar 20 kg (tamanhos realmente gigantes).
São predadores alfa (significa que não existe nenhuma espécie que tenha tendência a alimentar-se deles) e caçadores de água-doce que podem ser encontrados nas bacias hidrográficas do Amazona e do Orinoco da América do Sul setentrional (norte). A geração desta energia eléctrica está ao encargo de células chamadas electrócitos, que armazenam a energia. Estas células (aproximadamente 6,000 células) encontram-se em orgãos eléctricos e quando situações de perigo ou stress (ou durante o ataque a uma presa) surgem, elas libertam toda a corrente eléctrica armazenada, libertando até 600 volts de energia.
Alimentam-se principalmente de peixes, mas também caçam anfíbios, mamíferos pequenos e até aves. Devido às necessidades de oxigénio, eles têm de vir regularmente à superfície para respirarem. Como também possuem uma visão muito pobre, estes peixes “serpentinos” libertam uma carga de baixa voltagem, para navagarem e localizar as suas presas.
Curiosamente, mortes humanas causadas pelo nosso convidado hoje são muito raras, mas sabe-se que múltiplos choques podem levar a uma falha respiratória ou cardíaca. Já houve casos de afogamentos em águas pouco fundas, devido a choques causados por enguias-eléctricas. É normal encontra-las em aquários ou em zoo’s, se bem que normalmente encontra-se em tanques separados e sozinhas, visto que costumam atacar peixes e as enguias mais juvenis têm historial de serem violentas com outros membros da mesma espécie (já os adultos conseguem co-habitar o mesmo local).
É todo por hoje, espero que tenham gostado, bom fim-de-semana!
Luís M. Tavares