Apesar dos métodos utilizados às vezes se sobreporem aos que estão associados às tentativas de suicídio como cortar os pulsos com navalha, a autolesão não suicida é distinta de suicídio porque os pacientes não pretendem que os atos sejam letais. Os pacientes podem afirmar especificamente a não intenção no momento de atuação, ou a falta pode ser inferida pela utilização repetida de métodos claramente não letais. Apesar da falta de letalidade imediata, o risco a longo prazo de tentativas de suicídio e de suicídio é maior e, portanto, autolesão não suicida não deve ser menosprezada pois pode indiciar um suicídio.
Quais os exemplo mais comuns de autolesão?
- Cortar ou perfurar a pele com um objeto pontiagudo:
- Faca, navalha, agulhas, entre outros materiais corto-perfurantes.
- Queimar a pele:
- Tipicamente com cigarro.
Os pacientes que se autolesionam fazem-no várias vezes numa só vez, criando múltiplas lesões no mesmo local, normalmente em uma área visível e/ou acessível como é comumente ver nos antebraços e na parte frontal das coxas. O comportamento é muitas vezes repetido, resultando em padrões extensos de cicatrizes. Os pacientes muitas vezes se preocupam com pensamentos sobre os atos lesivos.
Autolesão não suicida tende a ocorrer no início da adolescência, e a prevalência é mais uniformemente distribuída entre os sexos do que a do comportamento suicida, embora em vários estudos mais meninas do que meninos façam isso. A história natural não está clara, mas o comportamento parece diminuir após a idade adulta jovem.
Quais as principais motivações que induzem à autolesão?
- Reduzir a tensão ou sentimentos negativos;
- Resolver dificuldades interpessoais;
- Autopunição por supostos erros;
- Um pedido de ajuda/salvação, no entanto, alguns pacientes veem a autolesão como uma atividade positiva e, portanto, tendem a não procurar nem aceitar aconselhamento.
Autolesão não suicida é muitas vezes acompanhada de outros transtornos, especialmente transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade antissocial, transtornos alimentares e abuso de drogas.
Como pode ser diagnosticado?
- Exclusão do comportamento suicida – O diagnóstico da autolesão não suicida deve excluir comportamento suicida.
- Avaliação da autolesão – A avaliação da autolesão não suicida, como para o comportamento suicida, é essencial antes do início do tratamento.
Como deve ser realizada a avaliação da autolesão?
- Determinar que tipo de lesão e quantos tipos de lesão o paciente se autoinfligiu;
- Determinar com que frequência autolesões não suicidas acontecem e por quanto tempo elas vêm ocorrendo;
- Determinar a função da autolesão não suicida para o paciente;
- Verificar transtornos psiquiátricos coexistentes;
- Estimar o risco de tentativa de suicídio;
- Determinar a disposição do paciente a participar do tratamento.
Tratamento
- Terapia cognitivo-comportamental:
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- Terapia comportamental dialética (TCD)
- Envolve terapia individual e em grupo durante 1 ano. Essa terapia focaliza a identificação e tentativa de mudar os padrões de pensamento negativo e promover mudanças positivas. Visa ajudar os pacientes a encontrar formas mais adequadas de responder aos seus problemas que induzem essas atitudes de automutilação.
- Terapia comportamental dialética (TCD)
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- Terapia em grupo de regulação de emoções (TGRE)
- É feita em um ambiente de grupo durante 14 semanas. Essa terapia pretende ensinar os pacientes como aumentar a conscientização das suas emoções e fornece habilidades para lidar com elas. Ajuda os pacientes a aceitarem as emoções negativas como parte da vida e, assim, não responder a essas emoções de maneira tão intensa e impulsiva.
- Terapia em grupo de regulação de emoções (TGRE)
- Tratamento dos transtornos coexistentes.
Tratamento darmacológico?
Nenhum fármaco foi aprovado para o tratamento de autolesão não suicida. Mas a naltrexona e certos antipsicóticos atípicos foram eficazes em alguns pacientes.