A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) é a maior espécie de tartaruga existinte no mundo, podendo chegar a ter um comprimento de dois metros e exceder os 900 kg de peso. Este réptil é o único representante sobrevivente de uma família de tartarugas que existiu há mais de 100 milhões de anos. Outrora, estas tartarugas eram prevalentes em quase todos os oceanos, excepto o Ártico e o Antártico.
A carapaça de uma tartaruga-de-couro é bastante diferente das restantes tartarugas marinhas. Enquanto estas têm uma carapaça duras e ósseas, a tartaruga-de-couro tem uma cor azulada e é quase flexível, e ao toque faz lembrar algo semelhante a uma borracha. As fissuras ao longo da carapaça ajudam-na a ter uma estrutura mais hidrodinâmica. As tartarugas conseguem quase mergulhar cerca de 1.200 metros de profundidade, muito mais que qualquer outra espécie de tartarugas. E conseguem permanecer cerca de 85 min debaixo de água.

Uma tartaruga-de-couro que foi marcada, numa praia em Trinidade. Autor: Steve Garvie.
Possivelmente, a tartaruga-de-couro tem a maior distribuição global de todos os répteis, e possivelmente de todos os vertebrados. Podem ser encontrados nas águas tropicais e temperadas do Atlântico, Pacífico e Índico. Também podem ser encontrados no Mar Mediterrâneo. Indivíduos adultos são conhecidos por percorrer distâncias desde regiões do norte (como o Canadá ou a Noruega) até regiões do sul (como a Nova Zelândia ou a América do Sul).
Ao contrário dos répteis, a tartaruga-de-couro são capazes de manter a sua temperatura corporal quente em águas frias, utilizando várias adaptações que permitem gerar e reter calor. Estas adaptações incluem alterações nos padrões natatórios, fluxo sanguíneo, a presença de uma camada espessa de gordura e o facto de possuírem um corpo bastante grande.

Tartaruga-de-couro possui uma carapaça quase semelhante a borracha. Autor: U.S. Fish and Wildlife Service Southeast Region.
Estas tartarugas percorrem longas migrações entre áreas de alimentação e reprodução, comparativamente com outras tartarugas marinhas. São capazes de percorrer quase 6.000 km. Após acasalarem no mar, as fêmeas vão para a costa, durante épocas de reprodução. Aqui procuram lugares para fazer um ninho. As progenitoras escavam um ninho e depositam cerca de 80 ovos. Depois elas enchem o ninho e deixam uma enorme área de areia perturbada, tornando a deteção por predadores difícil e finalmente regressam ao mar.
A temperatura dentro do ninho determina o sexo das crias. Uma mistura de crias macho e fêmea nasce quando a temperatura é cerca de 29,5 ºC. Temperaturas mais elevadas produzem mais fêmeas e mais baixas produzem mais machos. As fêmeas permanecem nos mares até atingirem maturidade sexual e depois regressam às suas áreas de nidificação para depositar os seus ovos. Os machos permanecem toda a sua vida no mar.

Progenitora a depositar dezenas de ovos. Autor: Ray Bx.
A Tartaruga-de-couro encontra-se ameaçada em certas partes do mundo, como no Pacífico.
Hoje em dia, as populações de tartarugas-de-couro estão a diminuir drasticamente em muitas parte do mundo. Não se tem conhecimento da sua longevidade, pois devido aos humanos muitas acabam por morrer mais cedo do que o normal. Existem estimativas desde os 35 anos até mais de 100 anos. Estima-se que cerca de 1:100 crias sobrevive até atingir maturidade. Ovos destas tartarugas são muitas vezes consumidos por humanos, como alimentos ou afrodisíacos. Múltiplas crias são caçadas por diversos predadores antes de conseguirem chegar à água, por gaivotas, caranguejos, lagartos, etc…

Crias a irem para água. Autor: U.S. Fish and Wildlife Service Southeast Region.
Vários indivíduos ficam presos a linhas ou redes de pesca. Ou são atingidos por barcos. Também se sabe de casos de tartarugas que morreram por ingestão de lixo marinho, como plástico. Tal é costume pois confundem estes plásticos com alforrecas, a sua comida preferida. Necrópsias revelaram que alguns indivíduos tinham quase 5 kg de plástico ingerido nos seus estômagos.

Bocado de plástico que parece alforreca e que pode ser confundido. Autor: SeeGrasWiese.
Estes carnívoros, para além de alforrecas, também se alimentam de outros cefalópodes e alguns peixes também.
Assim, as tartarugas-de-couro estão consideradas vulneráveis à extinção. O número de indivíduos no Atlântico parece estar a crescer/estável, porém a população no Pacífico está a diminuir. Tal se deve à captura de ovos, pesca secundária, desenvolvimento costeiro, entre outros. Por exemplo na Malásia, a tartaruga-de-couro desapareceu por inteiro.
Cientistas por todo o mundo estudam a tartaruga-de-couro. Os seus movimentos estão a ser monitorizados de forma a delinear novas estratégias de salvamento da espécie.
Fonte: National Geographic, Wikipedia