De vez em quando, duas estrelas aproximam-se tanto uma da outra que acabam por fundir-se, explodindo catastroficamente e libertando toda a sua energia para o Espaço. Esta é a teoria que se encontra por detrás de um evento astronómico raro – as Novas Vermelhas (red novas), assim apelidadas devido à sua cor vermelha característica.
Uma das novas vermelhas mais bem estudadas ocorreu em 2008. O objecto V1309 Scorpii, um sistema binário de estrela fora estudado por mais de 6 anos antes deste explodir. Mas os astrónomos encontram-se desesperadamente à procura destes sistemas binários antes que estes detonem, pois a observação de colisões cósmicas não só revelaria mais informação acerca da evolução das estrelas e das nébulas, mas também ajudar-nos-ia a perceber melhor como é que se deu a génese e a distribuição dos elementos químicos pelo Universo.
Parte deste esforço consiste na procura extensiva de sistemas binários que pareçam estar prestes a explodir. No entanto, Larry Molnar, um astrónomo do Calvin College de Grand Rapids, Michigan, deu um passo em frente nesta demanda: nestes dois últimos anos, Molnar não só afirma ter encontrado um sistema binário que se encontra nas condições ideais, como também previu quando é que esse sistema entrará em nova vermelha. “Ainda ninguém conseguiu ver uma estrela evoluir para este tipo de explosão. Não existem nenhuma outra situação em que um astrónomo pudesse dizer «esta estrela está prestes a explodir»”, disse Molnar, numa apresentação do seu documentário, “Luminous”. Molnar prevê que este evento decorrerá daqui a 5 anos. De facto, de acordo com esta previsão, esta explosão estelar deverá ser visível no céu nocturno, mesmo sem o recurso a binóculos ou a um telescópio.
A Dança da Morte

Modelo computacional do sistema estelar binário KIC 9832227
As estrelas em questão pertencem ao sistema KIC 9832227, e encontram-se permanentemente numa dança da morte. De facto, estas estrelas encontram-se tão próximas que partilham as suas atmosferas de plasma – um objecto denominado por sistema binário de contacto.
Se pudéssemos teleportar-nos para este sistema (que se encontra localizado na constelação do Cisne, a cerca de 1.700 anos luz de nós), este pareceria um pino de bólingue brilhante.
Mas ninguém tinha a certeza que KIC 9832227 se tratava efectivamente de um sistema binário de estrelas. Apenas se sabia que o brilho deste sistema variava com os anos. Muitos tipos de estrelas e sistemas de estrelas “pulsam” o seu brilho na nossa direcção, por isso Molnar e um estudante do Calvin College tiveram que excluir quaisquer dúvidas para poderem afirmar que se tratam de duas estrelas. O que eles descobriram em 2015 foi que este sistema se comporta de forma muito similar ao sistema V1309 Scorpii e que as orbitas mútuas das estrelas se estavam a aproximar.
Previsão de uma explosão estelar violenta

Localização do sistema KIC 9832227 no céu nocturno
Molnar afirma que a explosão deverá aumentar 1.000 vezes a intensidade de brilho do sistema, para magnitude 2 – cerca da intensidade do brilho da estrela Polar.
Se e quando as duas estrelas colidirem, os eventos que sucederem serão similares aos de V383 Monocerotis, uma estrela que teve um flash repentino em 2002, tornando-se temporariamente 600.000 vezes mais brilhante que o sol – e a estrela mais brilhante da Via Láctea. Os astrónomos não têm a certeza se V383 Monocerotis é uma nova vermelha, mas desde 2002, o telescópio Hubble observou a expansão de gás e poeira deste objecto. Os cientistas criaram uma animação da evolução da nova vermelha, comprimindo 4 anos em 6 segundos:
Caso a previsão de Molnar acerca da fusão de KIC 9832227 se provar correcta, os astrónomos já estarão preparados para estudar um evento importante e raro da evolução das estrelas. E dado que se encontra muito mais próximo que a estrela V383 Monocerotis ( que se encontra a 20.000 anos luz de distância), o sistema KIC 9832227 poderá vir a ser uma das mega-erupções estelares mais próximas que iremos ver
“Se as estrelas se fundirem completamente, estas libertarão tanta energia como a energia que o Sol libertaria durante todo o seu tempo de vida”, dissera Molnar, acrescentando que é apenas “uma hipótese de 1 para 1.000.000” de termos um evento como este.
Fontes: IFLScience | Tech Insider